Quem ligou a TV para assistir qualquer dos esportes americanos nos últimos dias, ficou com a impressão de que não existe mais pandemia nos Estados Unidos. Com público liberado na maior parte dos eventos esportivos, o país mais afetado pela Covid no mundo está longe de superar por completo o vírus, mesmo incentivando a vacinação da população. No momento, 54% dos norte-americanos estão completamente imunizados, mas o país tem registrado cerca de 1500 mortes diárias pela pandemia.
Com uma piora considerável nos últimos dois meses número de vacinados vive estagnação nos EUA. Tanto que, mesmo com os imunizantes amplamente disponíveis, apenas 63% receberam a primeira dose da vacina. Para efeito de comparação, 64,75% dos brasileiros receberam a primeira dose. A doença acompanha os números: um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, revelou que não-vacinados tem 29 vezes mais chances de serem hospitalizados do que a população vacinada. Com o inverno chegando, a expectativa é de um aumento nas hospitalizações.
O cenário atual é de politização e polarização acerca das vacinas, com os não-vacinados sendo um problema para os planos de combate a pandemia do governo Biden. Sob forte influência de movimentos antivacina, boa parte dos norte-americanos se recusa a tomar o imunizante. Outro grupo considerável desconfia especificamente das vacinas contra a Covid. Para Rafael Ioris, brasileiro e professor na Universidade de Denver (Colorado), é um grande desafio convencer essa metade da população a se vacinar. “Não é falta de vacina, é falta de vontade de parte da população de tomar a vacina”.
“Minha mensagem para os americanos não vacinados é esta: O que mais há para esperar? Temos sido pacientes, mas nossa paciência está se esgotando.”
Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, em discurso no último dia 9 de setembro
Outro fator que contribuiu para o aumento dos casos é a disseminação da variante delta. Segundo Marcelo Moreno, professor do departamento de Fisiologia e Patologia da UFPB, a variante tem inflado os dados da pandemia não só nos Estados Unidos, mas também em países que haviam controlado o vírus, como Israel e Austrália. Apesar do aumento recente, o número de mortes é consideravelmente menor do que aquele registrado no primeiro pico da pandemia no país norte-americano. “Mesmo nos EUA, você tem um pico máximo semanal de de 10.000 mortes, contra 25.000 no início do ano”, completa o pesquisador. O mapa da Covid disponibilizado pelo Google com dados de vários portais, mostra a diferença entre a situação do vírus nos EUA e em outros países. Foram 2,132,689 casos nos últimos 14 dias.
Covid e público na NFL
Na contramão da alta de casos, os eventos seguem com pouca (ou nenhuma) restrição. Na semana de estreia da temporada da NFL, liga de futebol americano que é considerado o principal esporte do país, todos os jogos tiveram grande público. Das 16 partidas realizadas entre quinta-feira (9) e segunda (13), apenas três tiveram menos de 90% de lotação no estádio. No total, somando o público de todas as partidas da rodada de abertura, foram 960,174 presentes.
O estado do Tennessee, que no momento vive a situação mais delicada no país, viu o público de 67,216 pessoas preencher 97% da capacidade do Nissan Stadium, na derrota do Tennessee Titans para o Arizona Cardinals (38-13).
Em Nashville (capital do Tennessee) o torcedor Titans assistiu ao jogo sem qualquer restrição, mas quem acompanhar o time na partida do próximo sábado, contra o Seattle Seahawks, terá que ir vacinado e usar máscara o tempo todo. Isso porque, como definido pela liga, cada franquia poderá adotar seus próprios protocolos baseados nas regras sanitárias de cada estado.
Em um país continental, cada estado vive uma situação diferente, o que justifica as medidas. Morador do estado do Colorado, Rafael Ioris reforça que ,”evidentemente, a totalidade dos números são maiores do que se esperava, mas isso varia muito de estado pra estado”.
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