
Um incêndio atingiu, na última quinta-feira (25), um galpão da empresa de logística Alke, que abrigava obras de artes de algumas galerias brasileiras. Entre estas, a Galeria Nara Roesler, um dos principais espaços da arte contemporânea brasileira com sedes em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York.
Especula-se que havia milhares de obras armazenadas no galpão. Muitas delas, de grandes nomes da arte contemporânea brasileira, entre eles Abraham Palatnik, Antônio Dias, Laura Vinci e Vik Muniz. Este último, em entrevista a O Globo, declarou:
“Possivelmente, há obras de exposições minhas inteiras que estavam guardadas lá.”
Trata-se de uma tragédia cultural. O incêndio da semana passada faz lembrar o outro, ainda mais devastador, que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Trata-se, claro, de eventos independentes: um incêndio não tem relação com o outro. Mas ambos, juntos a outros tantos diuturnos ataques às artes do Brasil, figuram o contexto cultural que vivenciamos.
Os dois incêndios são exemplos dolorosos – ainda que não dolosos – da devastação em curso. Embora sem relação entre si, eles conotam um fogo de proporções catastróficas a consumir nosso patrimônio artístico e a produzir, como um sombrio legado desta época, a fumaça negra que nos asfixia. Isso é uma metáfora, é verdade. Mas já sentimos de fato, os mais atentos, certa falta de ar.
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