
Acordei incerto
Não foi dúvida caída
Restada da noite aflita
Nem foi pergunta mal resolvida
Não foi sonho sem pé, nem cabeça
Em dia de tarde escura – chuva
Nem nada que se pareça
Acordei incerto
De destino, caminho ou rumo
Se é Norte ou Sul meu horizonte
Nem olhando o GPS
– Segue para o Nordeste?
Lá é bem diferente
Com nada isso parece.
Verifiquei se tenho pernas
Cabeça, braços e o resto
Me vi talvez animado
Parece que está completo
Parece
Dormi e acordei quase inteiro
Incerto
Olhei o calendário
Calculei data e horário
Um pouco mais localizado
Uma certeza me veio:
– Eu estou ficando velho
Num estalo dessa angústia
– Tudo bem
Alguém já me disse
– Só existe uma certeza
Incerto é coisa de gente
Que coloca letras no certo
Para dizer mais ou menos
Talvez
Vamos ver
Quem sabe?
Veja bem
Para que o chão não desabe
Incerto não é errado
Errado é morrer de fome
Incerto é tanta coisa
É tudo que não tem nome
Quem sabe então alivia
Dando um passinho à frente
Achando que já é gente
Se sentindo tão potente
E pimba! Não foi nada do que eu previa.
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