Arte

Luana Plebani (arte) e Werner Schön (texto): Mapas

Luana Plebani (arte) e Werner Schön (texto): Mapas
Arte de Luana Plebani (lp__artes no Instagram)

Mallarmé disse que os mapas eram obra de sua paciência. Carlos diria o oposto: são obras de sua paixão. Lívia, mais que a mulher, é o território que ele descreve:

Achei o sul do teu país
No mapa azul do olhar
E descobri teu mais feliz
Indistintíssimo lugar

O lugar descoberto é a essência. Mas Carlos não se satisfaz com profundidades vagas. Quer também a aparência, a superfície, a pele:

Busquei na tez do teu lençol
A tal da nudez que há
Na nova cor do novo sol
Com um calor que me fará

O verbo encerra o verso. Transitivo. Ou seja: não encerra. Pede um objeto. Um outro verso. Uma outra estrofe. O que lhe fará o novo sol? Como ele estará após conhecer a tal nudez?

Alucinado exatamente por quem
Tem se perdido em voos altos de amor
Inalcançado, inalcançável e além
De teus sentidos mapeando meu corpo

Amor? Voos altos? Além dos sentidos? Carlos pôs o poema sob o travesseiro e se foi sem que Lívia acordasse. Ainda ardiam em seu corpo as marcas da noite. A última estrofe ousa indicá-las. São lugares, caminhos, fronteiras:

Arrepiado
Ocidental
Todo marcado pelas linhas que fez
Tua mais minha liberdade final

Werner Schön

Werner Schön tenta fazer literatura. Em Jaraguá do Sul.

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