Opinião

Nossos planetas proibidos dos séculos passados

Nossos planetas proibidos dos séculos passados

O fantástico e o extraordinário sempre povoaram as imaginações do cidadão comum. Principalmente no que tange à vida fora do planeta Terra. Que, por ser invisível aos olhos nus, navega numa discussão sofística religiosa cheia de vícios e vicissitudes. E, aqui, cabe uma crítica severa à arquitetura metafísica das catedrais que, conscientemente, impõe para que a fé seja professada. Enquanto, no cinema, os anos 50 formaram a década da inventividade e pioneirismo na exploração de outras galáxias, a começar pelo clássico ‘O Dia Em Que A Terra Parou’ (1951), do mestre Robert Wise, e culminando com o filosófico e inspirador PLANETA PROIBIDO (1956), de Fred McLeod Wilcox, mesmo diretor de ‘Lassie: A Força Do Coração’ (1943).

Levemente inspirado na peça ‘A Tempestade’, de William Shakespeare, ‘Planeta Proibido’ evoca os medos do nosso subconsciente sob a efígie galáctica, quando, em linhas gerais, o ser humano domina o universo e trafega nos quatro (?) cantos do espaço sideral em viagens acima da velocidade da luz. E, como já de costume em fitas de ficção científica, para parecer mais real, a trama acontece num futuro bem distante. Assim, com todos os ingredientes no prato, roda-se a câmera muito bem equipada do diretor estadunidense.

Talvez por se tratar de uma obra incipiente, o excesso de explicações deixa sua primeira metade bastante truncada, com pouco desenvolvimento de personagens, mas já aerando o terreiro pro desfecho da trama. E é nesse ato que conhecemos o imortal Robby, O Robô, um personagem que influenciou basicamente todos os filmes sci-fi desde então. Além do toque sempre cheio de suspense do teremim, instrumentação bastante difundida nos longas do gênero. Ainda, o preenchimento vazio dos espaços em cores cinzas luminosas reforça o toque da solidão do espaço e, mesmo sem nenhum habitante no novo planeta, sentimos a presença constante de algo extrafísico por lá.

Enfim, um filme envolvente, cativante e imaginativo que mescla, engenhosamente, as tecnologias sonhadas pelo homem com o poder de ser Deus que o homem deseja. Porém, nessa brincadeira de querer ser aquilo que não é, os monstros que habitam nosso id ganham força e tomam conta dos nossos desejos conscientes, que transformamos em mito presente que assusta há tempos. Em passados tão distantes quanto o futuro espelhado por nós nas artes mundanas. E que continua a nos assustar.

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