
o corpo sem peso
se afasta do chão
lentamente
nada mais
nunca
vai tocá-lo
a solidão pura
sopra em sua face
um poema
nem mesmo a luz
pode segui-lo
mas só a lembrança
de ser
o corpo sem chão
andava ancorado
ao chão do cérebro
saltava sobre covas vazias
que são janelas
pro vazio
navegava o céu
da noite eterna
do espaço
sorria assustado
com as ideias de vapor
e sabia ser o tempo
a última mentira a dissolver
o corpo no céu
do astronauta
atravessou o tempo humano
agora o chão
em que se ergue a linguagem
é tenso como o ventre dum átomo
agora aí
o ser não é
o só que se sabe
o ser está
renascendo
e sim será
um poeta
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