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O ouro olímpico que teve peso de Copa do Mundo

O ouro olímpico que teve peso de Copa do Mundo

O dia de hoje foi marcado pela estreia do futebol masculino nos jogos olímpicos de Tóquio. O torneio disputado por 16 países nesta edição, atrai os olhares dos torcedores para os prospectos de cada país participante, e apresenta jogadores que possivelmente serão protagonistas de suas seleções e clubes em um futuro próximo. Mas se serve como termômetro para novas gerações, como competição esportiva o futebol olímpico não carrega o mesmo prestígio de uma Copa do Mundo. Bem… pelo menos não atualmente. Isso porque, após quase um século, a FIFA irá reconhecer dois ouros conquistados pelo Uruguai como títulos mundiais. 

Introduzido aos jogos olímpicos em um período ainda sem Copas do Mundo, o futebol viveu uma relação conturbada com as Olimpíadas. Organizado pela FIFA, as edições da década de 20 foram de certa forma um teste para a realização do primeiro mundial, em 1930. Entre o profissionalismo e o amadorismo, o futebol olímpico já apresentou grandes seleções mas também já foi deixado de lado por muitos países, visto quase como um intruso entre os esportes do torneio. Mas não é assim que os uruguaios (e agora a FIFA) encaram os ouros conquistados em 1924 (Paris) e 28 (Amsterdã).

Em tempos bem diferentes, há quase 100 anos atrás na Paris de 1924, a celeste apresentava aos olhos europeus uma das grandes seleções do futebol mundial até então. Com um jogo fundamentado na técnica e habilidade, a potência sul-americana “doutrinou” as seleções do torneio que contava com 22 equipes, sendo 4 de cada continente. Para um público de mais de 40 mil pessoas, o Uruguai venceu a Suíça na final por 3 a 0, faturando o ouro e inaugurando a Celeste Olímpica. Com o futebol olímpico ganhando forma, as Olimpíadas eram, no momento, o verdadeiro torneio mundial de seleções. 

Quatro anos depois, os Jogos de Amsterdã de 1928 veriam um amplo domínio sudaca, com direito a boicote da Grã-Bretanha, que acusou Uruguai, Argentina e Chile de usarem suas seleções profissionais. Em uma final Uruguai x Argentina em pleno Estádio Olímpico de Amsterdã, o ouro retornou para a Celeste. Em “Futebol ao Sol e à Sombra”, um de seus livros mais célebres, Eduardo Galeano retrata os dois títulos em solo europeu como o segundo descobrimento da América. Desta vez para o futebol.  

As duas conquistas, apesar de parecerem pouco importantes sob a perspectiva dos tempos atuais, sempre foram lembradas com carinho e muito valorizadas pelos uruguaios, que sempre as consideraram como equivalentes aos títulos mundiais que venceriam posteriormente. Após décadas de reivindicação dos ouros como títulos mundiais, inclusive utilizando quatro estrelas no uniforme, o Uruguai pode agora oficialmente se juntar à Itália e Alemanha, e se declarar Tetra. Mesmo que o “oficialmente” pouco importe aos uruguaios. 

Gabriel Oliveira

Futebol brasileiro e mundial em textos com opinião, fatos e dados.

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