Opinião

O ‘quadrado mágico’ é o símbolo da nostalgia sem sentido no futebol

O ‘quadrado mágico’ é o símbolo da nostalgia sem sentido no futebol

A nostalgia é um dos elementos mais presentes no futebol, para o bem e para o mal. Há 19 anos e um dia, a seleção brasileira vencia a Copa do Mundo de 2002 diante da Alemanha, com dois gols de Ronaldo que você certamente se lembra. Aquela não era a melhor versão da amarelinha, mesmo assim ficou merecidamente marcada pelo penta, e é até o momento nossa última campeã mundial. 

Há exatos 15 anos, outro time ficaria marcado. Eliminado pela França de Zidane na Copa do Mundo de 2006 neste mesmo dia, o Brasil chegou como favorito absoluto, unindo qualidades individuais e jogadores diferenciados. Essa seleção também insiste em ser lembrada, mesmo sem chegar perto do sucesso de sua versão anterior.

Reunir os melhores jogadores de um país não garante um bom futebol. A seleção de 2006 contava com o fenômeno Ronaldo em baixa, Ronaldinho no auge pelo Barcelona, Adriano ganhando destaque internacional, e Kaká como um dos intocáveis de Parreira. Ainda é necessário citar o quinto elemento: Robinho, que funcionava como uma alternativa. Talentos indiscutíveis, mas que pouco entregaram juntos. A promessa de espetáculo se transformou em um futebol burocrático que não oferecia tantos perigos, considerando as peças ofensivas que, na época, eram as melhores do mundo.

Apesar de parecer vivo na lembrança, o quarteto atuou junto em apenas seis jogos daquele ciclo, sendo dois amistosos quatro oficiais. Na Copa, o aproveitamento máximo na fase de grupos não livrou o time das críticas e até mesmo a vitória diante de Gana nas oitavas por 3 a 0 não escondeu a tragédia anunciada que seria o jogo contra a França. O algoz de 86 e 98 repetiu a dose. Mesmo fora de forma e batendo cabeça com Adriano lá na frente, Ronaldo foi quem mais entregou no torneio (3 gols), mas passou longe de livrar o Brasil de ser a grande decepção do torneio,

Craque da Copa, Zidane teve atuação de gala contra o Brasil

Esse mesmo fenômeno (não o Ronaldo) atinge várias seleções, inclusive nos dias atuais. A seleção francesa de Deschamps, campeã mundial de 2018, passou longe de converter as qualidades individuais em resultado nessa Euro. O Brasil de Tite, campeão da Copa América em 2019, também deixa a desejar no quesito estilo de jogo (os resultados   Na outra via, o sempre lembrado Brasil de 82 ficou na história mesmo não alcançando nem mesmo as semis do mundial.

Sem título, sem um futebol que fizesse jus aos nomes em campo, mas com grandes talentos. O Brasil de 2006 era isso. A veneração ao “quadrado mágico” e a esse time só se explica mesmo pela parte não tão lógica da nostalgia.   

Gabriel Oliveira

Futebol brasileiro e mundial em textos com opinião, fatos e dados.

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