Opinião

O saldo dos técnicos estrangeiros na temporada

O saldo dos técnicos estrangeiros na temporada
De Sampaoli à Abel, estilos diferentes e resultados igualmente distintos.

Entre fracassos e conquistas a tendência dos técnicos estrangeiros deve continuar.

No futebol brasileiro ainda ecoa o ótimo trabalho de Jorge Jesus no Flamengo em 2019. O maior reflexo disso é o aumento do número de estrangeiros à frente de clubes brasileiros. Sempre que um time da elite pensa em trocar de comando, logo surgem os nomes de fora: europeus e outros sul-americanos (agora em maior volume) são sempre especulados. Durante o Brasileirão 2020, a porcentagem de técnicos estrangeiros chegou a 30%, agora, analisamos alguns casos de sucesso e outros nem tanto.

Decepções

Após a saída de Jorge Jesus, ainda em Junho de 2020, a diretoria do Flamengo entrevistou técnicos do mundo todo. Especulou-se desde Miguel Ángel Ramírez (Independiente del Valle), até o português Pedro Martins (Olympiacos F.C.). O brasileiros foram ignorados, até mesmo Renato Gaúcho (antes preterido) não figurou na lista dos treinadores observados.

Mas após diversas conversas o escolhido acabou sendo o espanhol Domènec Torrent. Com estilo de jogo bem diferente do de Jesus e dificuldade de fazer as ótimas peças do elenco renderem como esperado, não demorou muito para ser sacado do comando (apenas 99 dias após assumir). Até teve alguns bons momentos, mas que foram ofuscados por um aproveitamento abaixo do esperado.

Levar seu time para a Libertadores do ano seguinte é algo a se comemorar, mas foi apenas isso que Sampaoli conseguiu. Dessa vez com o Galo, o argentino não fez uma temporada ruim, porém a quantidade de reforços pedida (e atendida) e o fato de estar disputando apenas o Brasileirão em boa parte do ano colocou altas expectativas no torcedor. Essas não foram atendidas. Em um ano em que o favorito Flamengo foi irregular, era esperado uma maior competitividade do galo mineiro de Sampaoli.

Com um aproveitamento de apenas 30%, Ricardo Sá Pinto foi uma figura passageira no desastroso ano do Vasco da Gama: apenas 2 vitórias, 4 empates e 5 derrotas. O técnico assumiu o Vasco em outubro, quando time ocupava a 13ª posição, já em queda de rendimento. Dois meses depois foi demitido com o time na zona de rebaixamento.

Boa Impressão

O Campeonato Brasileiro de Abel Ferreira passou longe de ser brilhante: foram 8 vitórias, 4 empates e 5 derrotas em 17 jogos. Mas alguns fatores explicam a boa impressão do português à frente do Palmeiras. A mais obvia: a conquista da Libertadores e a possibilidade de levar também a Copa do Brasil. O Palmeiras de Abel pode não ter sido dos mais regulares, mas cresceu nos momentos certos, mesmo que ainda seja um trabalho recente, com pouco tempo, tem uma boa margem para crescer ao longo de 2021.

Entre os estrangeiros que já passaram pela elite do futebol brasileiro, Eduardo Coudet é o que tem o segundo melhor aproveitamento: 63.2%, atrás apenas de J.J. e seus 83.9%. Assim como o português, Coudet também deixou o protagonismo no Brasil para ser coadjuvante na Europa. No seu caso, no Celta de Vigo (Espanha). Mas enquanto esteve aqui foi essencial para o bom ano do Internacional. Após a sua saída o colorado passou para as mãos de Abel Braga, que com um futebol defensivo quase avesso ao do argentino, quase conquistou o título brasileiro.

Os próximos

Sejam eles modernos, ou ‘mais do mesmo’… a verdade é que tais treinadores trouxeram novas ideias e mais competitividade ao futebol brasileiro. Para 2021 outros dois clubes contarão com comando estrangeiro: Internacional e São Paulo.

O São Paulo apostou em Hernan Crespo, jogador histórico da Argentina que iniciou sua carreira como técnico em 2016. Crespo terá no São Paulo seu maior desafio até aqui, com expectativas altas para cumprir na temporada. Antes no argentino Defensa y Justicia foi o campeão da Sulamericana 2020.

O Internacional inicia uma nova temporada sob comando do desejado e muito promissor Miguel Ángel Ramírez. O espanhol de apenas 36 nunca foi jogador de futebol e começou sua carreira em 2019, no Independiente del Valle. Conseguiu elevar o patamar do clube no continente conquistando também uma copa Sulamericana em 2019.

Gabriel Oliveira

Futebol brasileiro e mundial em textos com opinião, fatos e dados.

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