Opinião

Villarreal: o modesto ‘submarino amarelo’ que saiu das profundezas para vencer seu primeiro título

Villarreal: o modesto ‘submarino amarelo’ que saiu das profundezas para vencer seu primeiro título
Torcedor segura a faixa 'Yellow Submarine' (Imagem: AFP/Getty)

Na última semana a temporada europeia chegou ao fim com as finais dos torneios continentais. O mundo parou para ver a decisão da Champions League, onde o Chelsea venceu o Manchester City em Porto. Mas três dias antes na Polônia, outra decisão ganhava contornos históricos: pela final da Europa League o modesto Villarreal venceu em uma disputa de pênaltis quase infinda, o todo poderoso Manchester United.

Fundado em 1923, o quase centenário Villarreal passou décadas entre as divisões regionais e a terceira divisão da Espanha. Nos anos 90, o clube ganhou notoriedade ao finalmente conseguir o acesso para a primeira divisão do país, mas foi só a partir de 2000 que o Yellow Submarine passou a frequentar posições mais altas da La Liga e até mesmo competições europeias como a Europa League e Champions. O apelido simpático se deu, é claro, por conta da música dos Beatles, quando torcedores começaram a cantar a canção no estádio em referência aos uniformes amarelos.

Mas longe dos oceanos ou sequer da costa espanhola, o Submarino viveu grandes jogos no pequeno Estádio de la Cerámica – que sozinho comporta quase metade da população da cidade de Villarreal. São 23.500 lugares e 50.000 habitantes da cidade que fica na Província de Castellón. – como a eliminação para o Arsenal nas semifinais Champions de 2005-06 e até mesmo um vice campeonato em 2007-08. Mas antes de comemorar seu primeiro título em 2021, a torcida ainda viu mais uma queda para a segunda divisão espanhola na temporada 2011-12.

Em uma história de altos e baixos (com muito mais baixos do que altos), o Villarreal chegou em 2021 com um projeto sólido e nada modesto: contratou o vencedor Unai Emery para comandar boas peças como Parejo e Bacca e tentar erguer uma taça pela primeira vez. O projeto deu certo e a taça veio justamente na competição em que o técnico é quase que um especialista: venceu 4 das últimas 8 edições da Europa League. Ainda nas semifinais encarou o Arsenal em um embate difícil, mas o verdadeiro desafio se deu na grande final, diante de outro inglês, o Manchester United. No tempo normal o empate em 1 a 1 (gols de Moreno e Cavani), que permaneceu também na prorrogação. Então a taça ficou a apenas uma série de pênaltis de distância.

Foram 11 pênaltis batidos de cada lado, 22 ao total os primeiros 21 todos alcançaram a rede. A cobrança então chegou aos goleiros: Rulli, do lado amarelo, e De Gea, goleiro já consolidado mas muito contestado do lado vermelho. Rulli fez o dele e o peso foi para De Gea, que teve seu chute defendido pelo goleiro do Villarreal na cobrança decisiva. Assim uma espera de 98 anos por um título chegava ao fim com uma taça continental em cima de um gigante. A história vitoriosa do submarino amarelo parece finalmente ter começado.

A comemoração do Villarreal após o triunfo europeu (Imagem: REUTERS/Maja Hitij)

Gabriel Oliveira

Futebol brasileiro e mundial em textos com opinião, fatos e dados.

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