Danilo Otoni se define como “um músico de segunda e um cinéfilo de terceira”. E completa: “um sonhador de primeira”. Embora desconfiados de sua exagerada modéstia, ressaltamos que Danilo é um artista (como ele próprio confessa); e tem, portanto, a sensibilidade para reconhecer a verdadeira arte – na música, no cinema, onde ela existir.
A seguir, apresentamos sua avaliação sobre os oito indicados a melhor filme no Oscar 2021. Às breves análises seguem-se as notas, que observam seu próprio – e implícito – critério. São as opiniões de nosso amigo cinéfilo. O leitor pode discordar, claro; mas não deixará de perceber uma profundidade espontânea nas notas e nas análises. Como se Danilo, diante dos oito filmes, visualizasse ao fundo o cinema ideal. Lembrem-se: ele é um sonhador; é natural, então, que mesmo em suas críticas haja um tanto de sonho.
BELA VINGANÇA
Um panfleto feminista e um basta à cultura do estupro. Com direção de arte e fotografia belíssimas, o filme se desenvolve sob uma narrativa promissora, mas medrosa e niilista (apesar da excelente atuação de Carey Mulligan). Cai na armadilha manipulativa do pieguismo ao roubar da protagonista aquilo que ela busca, porém, sem perder uma devastadora reflexão: a vingança nunca é plena mas os traumas são – eles são fantasmas que habitam no pior lixo do ser humano. É uma obra divertida, surpreendente e catártica contra a masculinidade tóxica. Nota 7,5.
JUDAS E O MESSIAS NEGRO
Um filme expressivo feito com um sentimento de indignação. Embora aconteça em 1969, suas ramificações são sentidas até hoje, principalmente nos EUA. Ou um passado que nem sequer é passado, dada a relevância desta revisitação histórica. Infelizmente, o quadro geral dos objetivos políticos dos Panteras quase não foi explorado, o que alimentaria substancialmente a narrativa do “medo do FBI” e, consequentemente, do assassinato de um prodígio líder político negro. Mas, mesmo sem o ódio necessário, os rugidos revolucionários foram ecoados. E, aqui, a humanização de Judas e Messias segue à risca, porque, na guerra, não há mocinhos nem vilões. Pois eles não procuram cruzes nem mártires, querem apenas escapar com vida. Nota 8,0.
MANK
Cinema pra quem gosta de cinema e pra quem discute cinema. Afinal, renegar Orson Welles na criação artística da obra prima clássica ‘Cidadão Kane’ (1941) não foi uma boa sacada do diretor. Ou será que David Fincher quer agraciar Hollywood do mesmo modo que os hollywoodianos fizeram com Welles, boicotando este? Logo, trata-se de uma fita para quem possui um certo conhecimento do cinema dos anos 30 e 40, apesar de o resultado final parecer mais um filme político que metalinguístico. Ainda assim é importante destacar a linda fotografia em preto e branco e os planos cuidadosos de cada câmera, além da atuação gigante de Gary Oldman. Tinha tudo pra ser, mas bordeja demais. Nota 7,0.
MEU PAI
O retrato da solidão do crepúsculo do homem quando as peças do seu quebra-cabeça nunca se encaixam. A demência senil que afeta o ser humano é a mesma que esculhamba com a saúde mental das pessoas ao redor. E o filme é perfeito em ministrar doses homeopáticas de confusão narrativa para atingir o espectador sobre este acometimento muito usual, mas que ainda tratamos como tabu. Não há elo fraco apesar de ser uma obra gentil, mas também não oferece janelas mesmo que fugazes para o drama de nossas vidas. E esta perspectiva é assustadora, quase um terror. Enfim, devastador e poético, eis uma experiência sensorial rara. Nota 8,6.
MINARI: EM BUSCA DA FELICIDADE
A sutileza do choque de culturas numa obra visualmente linda e de narrativa carregada emocionalmente. Há críticas pra tudo: xenofobismo, raízes, família e o sonho americano de autossuficiência, mesmo que de forma velada e silenciosa. Contrastando com o uso bilíngue do filme (inglês e coreano) que só reforça o senso de isolamento sociocultural reportado. Assim como as vicissitudes da vida são formas de assimilação, dispostas cruamente em várias camadas apresentadas com delicadeza pelo diretor (uma obra autobiográfica). Arrastando-se no desenvolvimento (e isto não é necessariamente uma crítica), demora um pouco pra engrenar, mas sem perder a sensibilidade, a pungência e a decência. Nota 7,5.
NOMADLAND
Tendo como pano de fundo as paisagens e os desencantos estadunidenses, eis uma obra sobre a solidão e o abandono que acompanham os viajantes. Em busca do sentido de existência, a mistura de realidade com ficção não só estabelece uma linha reflexiva ao longa como dá o foco narrativo ao tema proposto pela diretora: a imersão na alma dos nômades. E sem precisar discutir a maldade do capitalismo selvagem que acarretou tudo isso ou a precariedade dos empregos oferecidos a esse tipo de gente, pois a questão da conexão homem/natureza é bem maior. É poesia, descoberta e anarquia, mas, sobretudo, é uma construção sensível e realista da liberdade. Nota 8,5.
O SOM DO SILÊNCIO
Um baterista de heavy metal perde repentinamente a audição. É o fim? Esta pequena e imersiva obra prima afirma que não, mas não escancara o otimismo da traição do corpo. Pelo contrário, é existencialista, sensível e intensa na medida certa, principalmente quando se trata de uma geração que depende da aparência. O fato de ser músico assusta ainda mais o protagonista que vê o silêncio como a morte, uma perda absoluta, ao passo que outras pessoas buscam na ausência do som a quietude da alma, o conformismo, a sabedoria de lidar com as deficiências. Sobrevivência, serenidade e reencontro no som de metal onde o ruído está deslocado. Um filme tão silencioso quanto ensurdecedor. Nota 8,5.
OS 7 DE CHICAGO
Um filme sobre o passado para entendermos o presente. Ou como as justiças parciais são tão surreais, não pela encenação, mas pela quantidade de pessoas que corroboram desavergonhadamente tais decisões. Porém, quanto ao formato do filme, há falhas. O número excessivo de personagens deixou o desenvolvimento mal distribuído, o maniqueísmo do diretor estabeleceu uma emoção forçada e a luta antirracista relegada a uma cena (a melhor passagem do filme, diga-se). Mas é um eficiente drama de tribunal, bem mais tradicional do que parece, em que o foco é nas pessoas que tentam consertar uma América fracionada. Aonde existem pessoas sedentas por mantê-la falhada. Nota 7,5.
Danilo Otoni, mineiro de Almenara e flamenguista (ou vice-versa), cresceu ouvindo Beatles, Raul e Chico e espiando os filmes de Scorsese quando os pais assistiam nas tardes de domingo. Hoje, arrisca uns pitacos sobre artes mas não passa de um músico de segunda e um cinéfilo de terceira. Mas um sonhador de primeira.
Ahhh, Danilo Otoni Meiras, é um músico, cinéfilo e também sonhador de primeira! De alta classe!
A inteligência, sensibilidade e bagagem cultural fazem morada nesse meu amigo.
É um prazer desfrutar da sua companhia, sempre um aprendizado!
Lissandra em 24/04/2021
Danilo e uma mistura de Glauber Rocha,Andre Bazim, jean-Luc Goudar,Francois Truffaut e Jaques Aumont. Rigido nas suas criticas misturada com a sabedoria das suas palavras. Um forte abraco.
Patricio Americo em 24/04/2021
Danilo ,sempre foi uma estrela desde muito menino,um potencial muito grande na arte Cantor,toca instrumentos e um ótimo compositor tambem .Parabéns Dan,muito bom ver você por aqui ,sou fã ,você brilha .
Abraços 💕🤗✨💫
Patricia Gonçalves Barbosa em 24/04/2021
Muito bacana e sóbrias suas análises! Humildade e competência marcantes. Parabéns!
Só sucesso, Dan é uma enciclopédia completa! Parabéns primo!
Wendy Trindade em 24/04/2021
Danilo Otoni Meiras é um verdadeiro cinéfilo,perfeito nas criticas dos indicados ao Oscar.Com ele não há meias palavras para descrever a fundo a história de cada filme.Para bom entendedor meia palavra basta.Parabéns Danilo!
Maria Cristina Alves Tupy em 25/04/2021
Caraca 👏👏👏
Mandou muito bem, Danilo. Parabéns! 👏😍
Loislene Cardoso em 25/04/2021
Mto bom e esclarecedor os comentários dos filmes!!! Parabéns.
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Comentários:
E escritor de primeira tbm!!! ❤️❤️❤️
Ahhh, Danilo Otoni Meiras, é um músico, cinéfilo e também sonhador de primeira! De alta classe!
A inteligência, sensibilidade e bagagem cultural fazem morada nesse meu amigo.
É um prazer desfrutar da sua companhia, sempre um aprendizado!
Danilo e uma mistura de Glauber Rocha,Andre Bazim, jean-Luc Goudar,Francois Truffaut e Jaques Aumont. Rigido nas suas criticas misturada com a sabedoria das suas palavras. Um forte abraco.
Danilo ,sempre foi uma estrela desde muito menino,um potencial muito grande na arte Cantor,toca instrumentos e um ótimo compositor tambem .Parabéns Dan,muito bom ver você por aqui ,sou fã ,você brilha .
Abraços 💕🤗✨💫
Muito bacana e sóbrias suas análises! Humildade e competência marcantes. Parabéns!
Só sucesso, Dan é uma enciclopédia completa! Parabéns primo!
Danilo Otoni Meiras é um verdadeiro cinéfilo,perfeito nas criticas dos indicados ao Oscar.Com ele não há meias palavras para descrever a fundo a história de cada filme.Para bom entendedor meia palavra basta.Parabéns Danilo!
Caraca 👏👏👏
Mandou muito bem, Danilo. Parabéns! 👏😍
Mto bom e esclarecedor os comentários dos filmes!!! Parabéns.