Entrei no estádio atrasado. Andei um tempo procurando meu lugar. Quando finalmente vi o campo, o ponta esquerda do Senegal já tava correndo nas costas do stopper holandês. De longe, o cara parecia o Bolt. Pensei comigo: essa Copa vai ser foda.
Alguém aqui na Abertura escreveu que esse pode ser o melhor torneio de futebol desde a copa de 1970. Quando li isso, achei herético. Mas quando vi o Bolt senegalês, concedi: os caras estão voando. Eis minha primeira impressão.
O velho 3-5-2 do Van Gaal
Minha segunda impressão, e todas as seguintes, foram bem outras. A Holanda vinha naquele velho esquema do Van Gaal. Bem velho. Dois alas lentos. Um volante lento. O De Jong, lento. Dois atacantes sem brilho. De bom na laranja, o Gapko, que carregou o piano ali na meia cancha. E o Van Dijk, claro. Primeira conclusão: se a Holanda é de fato candidata ao título, então essa copa não é assim uma Brastemp.
O 4-5-1 do Senegal
Pra dizer a verdade, o Senegal jogou melhor. Buscou a vitória. Espetou a marcação. Fez funcionar o 4-5-1, o esquema mais usado neste mundial. Além disso, tinha a torcida. Logo atrás dos bancos de reservas juntam-se as torcidas – por assim dizer organizadas – de cada time. A holandesa tinha a animação de um Platão refletindo à beira do Egeu. A senegalesa batucou o tempo todo.
Falando em torcida…
Tá todo mundo pedindo cerveja nos estádios. Os equatorianos começaram. Os ingleses fizeram coro. O que se conta, aqui, é que o mundo se uniu pela cerveja contra o emir. Pudera. Até agora, só a Inglaterra mostrou bom futebol – mas muito em função do Irã, que mostrou um péssimo. Cerveja parece realmente necessária.
Hoje veremos a Argentina (escrevo este texto minutos antes do jogo contra a Arábia), a grande favorita ao título. Assim dizem os próprios argentinos, inclusive os indianos fantasiados de alviceleste, que inundaram de ilusiones as ruas tão sóbrias de Doha. Tomara que os hermanos mostrem mesmo seu jogo. Do contrário, se confirmadas minhas primeiras impressões, vai ser duro acompanhar a copa. Ainda mais sem cerveja.
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