Quatro estrofes ao futuro – Werner Schön (texto) & Renata Buzzarello (arte)

O futuro morreu
e a esperança:
o homem já era.
Não digo que é
mau: o mal
não existe: existe sim
o homem hoje
vazio no vazio
girando
até se
ir.

O futuro é
o homem
me e se
matar: morrer
o tempo: o fim.
Afinal
o que mais seria?

O futuro nunca existiu: era
deus que iludia: ele também
humano.
Existia esperança,
verdade:
mas o olhar se quebrava
e as ondas.

Nunca se viu
futuro algum:
só esperança e mais
nada: nada
se via ao esperar: deus
nos poupou do desespero
e vivemos milênios: o tempo existiu
sem dúvida
e a vida e o mundo: mas
era só um ser
sempre
só.