Arte

Tique, taque

Tique, taque

Tique, taque,
Tique, taque:
Toca o tempo
Que restar
E ouvi que
Já não há que
Muito mais que
Te aturar:
Teus chiliques,
Teus ataques,
Teus trambiques
Com mil cheques
Em sigilo
Secular,
Tudo aquilo
Que vigora
Não demora
Pra acabar:
Tá querendo,
Ó meu caro,
Tua hora
Badalar!

Tique, taque:
Tu escutas
Gota à gota
Esvaziar
Essa taça
Que te cabe
Por desgraça
Segurar?

Tique, taque,
Tique, taque:
Te queria
Só dizer
Que meu povo
Tá que tá que
Nem um dique
Por romper:
Solta um grito,
Sente o baque
E vê esse mito de araque
Já, já ir
Se escafeder.

Tique, taque,
Tique, taque:
Quase ouço
Teu tremor
Tiquezento,
Taquicárdico,
Te cagando
De pavor.
Te confesso:
Tô contando
Os segundos
Pra te ver
De regresso
Com teu bando
Pra algum dos
Chãos imundos
Em que fiques
Té morrer.

Tique, taque,
Tique, taque:
Tá soando
Já bem alto
Cada lágrima
Que não seque,
Cada toque
No atabaque,
Cada voz que
Reivindique,
Cada salto
A desfilar:
Tique, taque
É o tempo
Te querendo
Alertar
Que já resta
Pouco tempo
Té que esta
Besta triste
Que vens sendo
Se calar.

Jorge 'Teco' Trakl

Jorge Trakl, o 'Teco', é editor.

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