Arte

Ver e sentir

Ver e sentir
Arte de Luana Plebani (@lp__artes no Instagram)

Saiu do Nens quando quase amanhecia. Sozinha em casa rabiscou letras no prato. Pensou em dormir mas não podia. Sentiu agonia de fato. 

Sentiu até que já perdia a mais sutil capacidade do tato. A mão pálida e trêmula e fria. O pão sobre a mesa, intacto. 

E viu enfim que assim se via. Ela, a si mesma, vendo-se em ato. E via-se tanto que tremia. E tanto tremeu que fez um pacto. 

Um pacto com um deus que refletia à luz vazia do momento exato em que uma gota caiu na pia: impacto. 

Ela chorava, sim, e sentia o quanto isso era insensato. Mas viu na insensatez uma ousadia. E ousou sentir de novo o gosto inato.

O gosto bom da vida que seguia bem diante do olhar estupefato. A vida espalhada na luz do dia. A luz que coloria o rosto grato.  

Werner Schön

Werner Schön tenta fazer literatura. Em Jaraguá do Sul.

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