Nesta semana, devido aos 32 anos de lançamento de “Brain Drain“, lembrei-me de falar dos Ramones. A banda dispensa maiores apresentações. Quem já não viu na balada a famosa camiseta preta, com o nome e a logo do grupo, vestida por modelos, pagodeiros, dedicados seguidores da moda e, até, vejam só, roqueiros?
Brincadeiras à parte, este álbum tem boas curiosidades.
Provavelmente o maior hit comercial da banda, “Pet Semitery” veio deste disco. Além de clássicos como “I Believe in Miracles” e “Merry Christmas (I Don’t Want to Fight Tonight)”. Pet Semetery foi escrita para ser o nome e o tema de um filme que Stephen King estava prestes a lançar (Cemitério Maldito, no Brasil), ele que era um grande fã da banda.
Mas este álbum foi também uma série de embarques e desembarques relevantes. Deixava a banda o icônico baixista Dee Dee Ramone para entrada do grande CJ Ramone. Marky Ramone retornava à bateria.
Assim como este país sul-americano, desavenças internas começavam a fazer a banda ruir. Em péssima hora: com o “Brain Drain”, os Ramones começavam a alcançar as rádios e a MTV, garantindo algum sucesso comercial.
Talvez o principal motivo do declínio dos Ramones tenha sido as constantes brigas entre o guitarrista Johnny e vocalista Joey Ramone, os únicos que sempre estiveram na banda. Johnny era conservador, orgulhoso aluno da escola militar e fã de Reagan; Joey era liberal, criativo, e com problemas com álcool e drogas. As brigas sobre a mensagem que a banda deveria passar, o processo criativo e os rumos futuros tornou a convivência entre eles insuportável, até que decidiram simplesmente deixar de se falar. Ao que parece, houve um marco desta desavença: Johnny começou a ficar (e casou-se) com Linda Daniele, uma ex-namorada de Joey, por quem ele nutria ainda algum sentimento. Dizem que, inspirado no fato, Joey escreveu a música “The KKK took my baby away”.
As disputas internas – assim como no Brasil, por posições políticas divergentes – venceu. Joey adoeceu e os Ramones encerraram as atividades em 1996. É uma pena que a banda não pôde aproveitar por mais tempo o que seus dois mais icônicos membros tinham de melhor: a determinação e a disciplina de Johnny, a criatividade e a empatia de Joey. Quando a comunicação terminou, a intolerância gerou afastamento, a distância tornou o fim próximo.
Que o Brasil conserve o ‘espírito’ dos Ramones, esse caldeirão de ideias diversas gerando algo único. Mas que, diferentemente da banda, saiba conciliar os tantos aspectos dessa diversidade. Exatamente como fizeram Jhonny e Joey nos seus melhores momentos. Ou como faz a linda modelo que, na balada, combina a famosa camiseta preta com a bolsa Prada. Dá para conciliar, há tempo para nós. Para esses mitos da música, infelizmente, não houve.
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