
[i]
penso-me no passado
eu era
eu fui
ele é hoje
bastante incerto
eu não deu em nada
cresceu e ruiu
ventou-se
[ii]
estou sendo o que não sabe-se
não sei se sou ou se é
o eu a mentira
que contava a memória
nos passeios ao sol
a sós
[iii]
o futuro
como a nuvem escura
é peso demais sobre a terra
que sentirá perder-se o alívio d’água
e eclodirem erosões em cada poro da
pele
[iv]
admito
eu evaporar é em si contraditório
mas pergunto
como então soar o alarme
e quem afinal escrevo
este verso
[v]
no céu ateu
é tão triste
saber que eu
não existe
Comentários: