Arte

eu não existe

eu não existe

[i]
penso-me no passado

eu era
eu fui
ele é hoje
bastante incerto

eu não deu em nada
cresceu e ruiu
ventou-se

[ii]
estou sendo o que não sabe-se
não sei se sou ou se é
o eu a mentira
que contava a memória
nos passeios ao sol
a sós

[iii]
o futuro
como a nuvem escura
é peso demais sobre a terra
que sentirá perder-se o alívio d’água
e eclodirem erosões em cada poro da
pele

[iv]
admito
eu evaporar é em si contraditório
mas pergunto
como então soar o alarme
e quem afinal escrevo
este verso

[v]
no céu ateu
é tão triste
saber que eu
não existe

Victo Sum

Victo Sum julga escrever desde um lugar distante, tão distante que talvez ainda não exista

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