Arte

O corpo

O corpo


Um corpo
Estimulado
Aquecido
Vivo

Um corpo
Esgotado
Cansado
Extasiado
Faminto

Um corpo
Caído
Lento
Flácido

Remédios para dores
Nas partes todas
Sofridas
Cabeça
Costas
Feridas
Pernas
Varizes
Dentes

E não pare
Imperativo
Para provar
Comprovar
Foto
Para dizer
Eu já vivi

O corpo
A carne
Os pêlos
A pele
As mãos
Os dedos
Saliva

Drogas
Drágeas
Comprimidos
Gotas
Comida

Para acordar
Para andar
Para pensar
Para sorrir
Para comer
Para não comer
Para seguir
Não desistir
Não querer morrer
Drogas
Mascarando

O corpo
Tudo bem
Tudo certo
Tudo em paz

Amanhã é mais um dia
Meu Deus
Não sei se aguento
Não
Não há escolha
Não há não aguentar
Há que seguir
Com esperança
Com fé

O corpo
Não há
Não pensa

A carne
Crua
Vermelha
No gancho do balcão
Inteira
No açougue
Meio quilo de moída
De segunda
É o que pode
Sem fim
Sem morte
No óleo quente
Secando
Fritando
Em drogas
Em dor
Em nada

Domingo
Almoço
Vinho, cachaça ou cerveja
E por fim
Macarro nada.

Wagner Rengel

Wagner Rengel quis ser silêncio depois pássaro depois peixe depois vento depois grilo quis ser gente depois nada. Mora em Curitiba.

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