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O desastre ambiental – ao vivo e a cores

O desastre ambiental – ao vivo e a cores

Localizado ao sul de Assunção, o Lago Ypoá é uma das mais interessantes atrações naturais do Paraguai. Sua particularidade está em seu enorme tamanho e em sua localização, na zona de transição entre os chamados Pastizales, a leste, e o Chaco úmido, a oeste. É o centro de um bioma único, de imensa importância. 

O Lago Ypoá está manchado de rosa. A empresa Durli Leathers SA, de procedência brasileira, é acusada de ter despejado tinta no Rio Caañabé, que então se depositou no Lago. Os danos, especialmente à fauna aquática, são inestimáveis. 

As imagens impressionam: a mancha rosa espalha-se por vastas extensões da planície paraguaia, formando um cenário surreal. Seria belo se não fosse um desastre ecológico. 

Não distante dali, o Pantanal – brasileiro e paraguaio – também é destaque na impressa hoje. Por razões ainda mais preocupantes. Segundo a manchete de hoje da Folha de São Paulo, “Pantanal perde 74% da água desde 1985, e pesquisadores dizem que Brasil está secando”. Um estudo inédito do MapBiomas, parte da série “Brasil Revelado: 1985-2020”, mostra que existe uma redução de 15,7% da superfície coberta por água no Brasil. 

Os dados são alarmantes. A redução dos níveis de água no país é motivo de preocupação pra todo o mundo. As reservas aquíferas brasileiras interessam à humanidade. Os números desse levantamento, agora divulgado, indicam um desastre sem precedentes – a que assistimos ao vivo. 

Ao vivo e a cores. O Lago Ypoá – também ele dádiva do aquífero Guarani, um dos tesouros mais vitais e mais ameaçados da terra – tem algo de simbólico neste contexto. Sua face rosa é tão antinatural, tão tóxica, tão repulsivamente falsa – que causa em nós um impacto atormentador. O desastre paraguaio dá destaque àquele que vemos há décadas no Brasil – até porque são ambos apenas sintomas de um só desastre. São as águas do continente protagonizando uma das grandes tragédias de nosso tempo.

Fotos: AP Photo/Jorge Saenz

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