Ele tem a mesma carinha redonda e amarela como o sol. Mas olhinhos tristes, noturnos. Seria
fofinho e delicado como qualquer outro emoji. Mas não é. Seus bracinhos, curtos e finos como
os emojis têm, figuram uma cena terrível, trágica, impactante: a mão segura a faca que corta o
punho da outra. O emoji suicida-se.
Na verdade, não é um emoji. É uma figurinha que imita um. Figurinhas do WhatsApp nascem
pra ser engraçadas. Essa não tem a menor graça.
O suicídio, tentado ou consumado, é o sintoma mais grave de uma doença gravíssima, que
assola multidões em todo o mundo. Um dos grandes males de nossa era. Não dá pra brincar
com isso. É cruel, é amarga, é mórbida uma tal brincadeira. Mais que tudo: é intragável.
Apesar disso, a figurinha do emoji tem se propagado no WhatsApp. Sinal dos tempos. Espera-se
que a empresa dona do aplicativo dê um fim nisso. E que o público, num suspiro de lucidez, dê
a ela o que merece: repúdio.
Comentários: