Paulo Gustavo, ator, humorista, diretor, roteirista e apresentador, faleceu nesta terça-feira, aos 42 anos, vítima da Covid 19. Sua morte tem causado uma comoção impressionante. Numa época em que os mortos são contados aos milhares todos os dias, tal comoção é um alento: é sinal de que ainda somos sensíveis ao sofrimento alheio e, apesar de tudo, ainda somos humanos. Vale questionar por que sua morte, em meio às de milhares de vítimas anônimas da mesma mazela, causou tamanha reação. Por que ele, Paulo Gustavo, foi capaz de nos fazer compreender a tragédia?
Sua fama, seu sucesso, seu imenso talento é parte da resposta. Paulo Gustavo tinha uma legião de fãs. Seu trabalho era admirado pelos públicos mais diversos. Ele é o maior responsável pelo maior sucesso de bilheteria da história do cinema nacional. Sua morte nos priva de sua arte. Sem dúvida, essa é uma causa da imensa tristeza que agora nos oprime. Mas não a única.
Também a pessoa de Paulo Gustavo era admirada. Além (ou antes) do artista, o homem. Ele é reconhecido por seu altruísmo. O Padre Júlio Lancelotti veio às redes sociais, ainda na terça-feira, registrar a importantíssima contribuição do ator às “Obras Sociais Irmã Dulce”, instituição filantrópica que oferece atendimento gratuito na saúde, educação e assistência social (veja aqui como fazer doações). Há mais: a imprensa divulgou que ele doou mais de R$ 1,3 milhão de reais para combater a Covid. Paulo Gustavo era um homem de raríssimo espírito solidário.
E também um lutador. De todas as suas virtudes, esta talvez era a que mais ressaltava. Ele enfrentou lutas árduas. Contra o preconceito. Contra o moralismo tacanho e oportunista. E, finalmente, contra a doença. Resistiu bravamente. Foi um guerreiro. Mas seu mais fatal inimigo, a Covid, era forte demais.
Esta luta, a última de Paulo Gustavo, também explica a comoção em torno de sua morte. Entre mais de 400 mil, essa morte nos abateu – a todos nós – como poucas. Talvez porque, sendo ele uma figura pública, seu drama fosse público. Talvez porque ele era jovem, saudável e capaz de prover os melhores tratamentos. Talvez porque tenha havido, com sua luta, um despertar coletivo – e finalmente a compreensão, por todos (ou quase todos), de que a doença é assustadora.
Em todo o caso, algo é induvidoso: a morte de Paulo Gustavo parece ter resgatado a sensibilidade de nosso povo à tragédia que nos martiriza. A comoção, que sentimos de fato, é um ótimo sinal. Mostra que nossa humanidade ainda viceja sob a crosta desses tempos duros. E então traz a esperança de que podemos superá-los. Paulo Gustavo nos deixa esse enorme legado: a esperança. Depois de toda a luta, ele agora descansa em paz.
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