Na última quinta, 13 de maio, publicamos matéria que abordava – e, reconhecemos, celebrava – a ocasião. A abolição da escravatura, dizíamos, foi a conclusão deum processo politíco, cultural e social de enorme importância para o país.
“A Lei Áurea não determinou a libertação – verdadeira, efetiva, necessária – dos negros brasileiros”, escrevemos. “Tampouco foi uma resposta altruísta às suas demandas: ao lado de toda a luta, houve interesses escusos em sua origem. Não houve heróis, não há por que procurá-los. Mas houve uma conquista, um passo adiante, a conclusão de um processo que nos deixou um legado. Isso não é pouco. Há que celebrar.”
Um dia depois o Portal Jornalismo e História, ligado ao curso de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, publicou artigo que resgata o tema – desde outra perspectiva e com outro foco. Assinado por Natália Huf, o texto – cujo título pergunta: “Qual é a graça?” – mostra que “caricaturas e charges foram usadas na imprensa desde o início do século XX para a disseminação do racismo na sociedade brasileira”.
“Nos jornais e revistas”, segue a matéria, “o que se via eram charges e caricaturas que reforçavam o sentimento negativo destinado às pessoas negras e seus descendentes: representações da mulher negra no trabalho doméstico; o homem negro associado à sujeira, desonestidade, preguiça, ignorância; a fala escrita de forma a ser ridicularizada, reforçando o estereótipo da falta de estudo.”
O racismo no Brasil, especialmente contra afrodescendentes, não é novidade. Mas o texto de Natália Huf, baseando-se em estudos de Maria Margarete Benedicto e Nobu Chinen, mostra o quão intenso e cruel era o problema nas décadas após a abolição da escravatura. E deixa implícita a pergunta: o quão intenso e cruel esse problema ainda é?
O processo de abolição da escravatura concluiu-se, em 1888, com um importante legado para o país. Mas ele é apenas uma etapa de um processo maior, voltado à efetiva libertação dos negros (e de outros povos discriminados), ainda distante da conclusão. A luta segue – árdua e constante. E cada vez mais necessária.
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