Serjão Santana: Não sou um cronista popular!

Minha opinião sobre a tal “seleção de todos os tempos” tem rendido alguma polêmica. Escrevi na semana passada que achei ruins as escolhas da France Football ao fazer a escalação dos melhores jogadores da história. Ou melhor: da história que a France Football acha que existiu. Pois a história do futebol é bem maior, e mais rica, do que supõem os meninos que fizeram a lista. Esses meninos tiveram o desplante de escalar o Cafu e o Xavi! São os mesmos que consideram Messi e Cristiano Ronaldo semideuses, eles que não limpariam as chuteiras de Garrincha. Minha opinião, como se vê, não bate com a dos meninos. Definitivamente.

Outros meninos, agora, estão me amolando por causa disso. O que querem eles? Que eu esqueça o que vi? Que procure respostas no google? Que julgue a história com os critérios do vídeo game?

Entendam: não estou aqui pra repetir as análises dos jovens cronistas com a cabeça cheia de números e a cara cheia de blush. Não estou aqui pra celebrar o tempo presente como o “auge do futebol”. Não vou repetir, a cada vez que toca aquele hino da “chempions ligue”, que sou um espectador do “grande espetáculo da terra”; aliás, considero sintomático o fato de que convivamos, no tempo presente, com slogans desse tipo. Não! Não uso blush e não baseio minhas convicções em números. Não acho que estejamos, neste tempo, no auge do futebol. E detesto aquele hino ridículo e rococó.

Sim, eu admito: talvez eu não devesse estar aqui. Talvez a Abertura tenha errado ao me dar voz. Talvez os meninos tenham razão: não sou um cronista popular. Mas saibam: enquanto aqui estiver, escalarei minha própria seleção, sem Cafu e sem Xavi; e terei meus próprios semideuses, sem Messi e sem Cristiano entre eles; e, ao hino da “chempions”, prefirirei sempre a trilha do canal 100.